"Falamos de fazer amor. Inventamos as nossas vidas anteriores. Esquecêmo-nos de tudo.
A Teresa é o meu amor. Eu sou o amor dela. Damos as mãos. Não fazemos mais nada. Mas não reparamos. Não vamos a lado nenhum. Não podemos. Mas mesmo que pudéssemos, não iríamos. Não fazemos planos. Não temos. Estamos juntos de vez em quando. É a única coisa com que nos importamos: estarmos juntos de vez em quando, como agora estamos.
Dois velhos ou nem dois velhos sequer. São nove horas da noite. Cada um no seu quarto. Ela não me ama como eu a amo.
Mas eu também não a amo como já amei. Mas falamos como se nos amássemos mais do que nunca. Nada mais é importante. Nove horas da noite. Ninguém.
O meu coração morre sozinho, como Deus quiser. "
O Amor é Fodido, Miguel Esteves Cardoso
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