Respostas de Segunda
Para a inauguração deste espaço pedi a ajuda de vários amigos/conhecidos/leitores e decidi que o texto que merecia honras de abertura seria o primeiro a chegar ao email do Respostas.
Não se esqueçam que este espaço é vosso... podem enviar o que vos apetecer.
No entanto, quero que saibam que, se assim o desejar (sim eu mando neste Blogue), posso publicar mais que um texto por dia!
Aqui fica o texto do Melga. Muito obrigada!
“ O jogo das contas de vidro” de Hermann Hesse
O livro, foi publicado em 1943. Três anos antes de Hermann Hesse receber o prémio Nobel. Aprofundam-se as ideias presente em “Siddhartha” e a relação com o leitor, é um pouco mais interactiva. No entanto as bases do pensamento orientalista, são novamente usadas: Chinês (teoria dos contraditórios: ying e yang) e Indiano (reencarnação).
“O jogo das contas de vidro” é um jogo criado a partir de música e da matemática , em partes iguais. O jogo criou um linguagem que permita a unificação de todas as ciências com todas as artes. A maneira como se joga é baseada na notação do xadrez, só que em vez de movimentos de peças subordinadas a um plano, temos conceitos que fluem entre si para representar uma determinada ideia. Este jogo é propriedade de um mundo chamado “Castália”, composto por intelectuais/artistas, que para atingirem um nível de mestria são precisos muitos anos de estudo, não possuírem bens materiais, não terem esposa e serem humildes. Eles não se relacionam com o resto das pessoas, estas pertencem ao “Século”.
Este livro é composto pelo manuscrito, poesias e anexos. O autor usa o contraditório como apoio à forma de narração, ou seja no início usa maioritariamente um tom formal (usa a 1ª pessoa do plural) e por vezes recorre a um modo mais pessoal (3ª pessoa do singular), para descrever emoções ou pensamentos, no fim do livro as proporções estão invertidas.
Josef Knecht é o nosso herói. O objectivo do livro é descrever a sua vida nomeadamente: infância, recrutamento, estudos, missões, cargos administrativos, tomada do mais elevado cargo, fuga e finalmente a morte. Fala-se de meditação e a centrar-se de modo a não se desgastar com o dia-a-dia.
Houve vezes em que pensei, este livro é um bocado chato porque o gajo vive numa fantasia, para logo a personagem nas próximas linhas dizer que pretende conhecer como é o Mundo - a Realidade. O autor “estica” a situação para que o leitor perceba (ou sinta) o que a própria personagem sente. O caminho de Knecht passa por lutas e discussões e é através delas que ele descobre a sua relação com a realidade e a falta que sente por não ter contactos com o século. Nos anexos há um testemunho de uma reencarnação de Knecht quando ele se torna discípulo de um yogin, em que este refere que tudo é Maya (ilusão). Tudo o que se passa na vida é ilusão, e só através de um método XPTO é que se consegue chegar à realidade e à libertação do ciclo de nascimentos/mortes a que o homem está sujeito.
Acho que vale a pena ler, mas para mim os melhores de Hesse continuam a ser “Siddhartha” e “O lobo das estepes”.
6 comments:
UAU! Artigo brutal!!! Palmas, palmas! Incrível!
Espectáculo!!!
Look up in the sky...
It´s a bird,
no it´s a plain,
no, it´s o artigo do melga!!!
Que orgulho! Que orgulho!
Será que publicar este texto de tamanho artista vai aumentar as minhas visitas!?
Está explicado porque é que o gajo nõa escreve no blog: Perde o tempo a ler livros muito complicados... ;))) Pura provocação, já sabem...
Bom...eu...também costumo ler muito o blog "O Código de santiago", que não prescindo de maneira nenhuma. E nunca, mas nunca, é tempo perdido. LOL
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