Lembram-se dos meus vizinhos?

Ontem, andava eu a vaguear pelo Supermercado, com uma lista imaginária na minha cabeça que ia aumentando conforme passava nos corredores... quando dei de caras com o meu vizinho.

“Olá!” diz ele...
“Ah?” pergunto eu... esqueci-me de referir que quando vou fazer as tais “compras do mês” costumo levar o IPOD colado às orelhas. É um momento de reflexão e preciso de total concentração.
“Olá!” repete ele... penso que tenha sido isto (tenho aprendido a ler os lábios).
“O...o..olá!” respondo, finalmente, e deve ter sido num tom alto porque reparei que o rapazinho deu um passo para trás e foi embora.

Não se esqueçam que sempre tive a dúvida sobre as preferências sexuais daqueles que gostam de se passear pela minha garagem... e como tenho a teoria que as pessoas se conhecem pelos sapatos que calçam e a comida que têm no frigorifico, fiz-me de distraída (o que não é difícil) e o meu pensamento dizia “segue aquele carro!” e as pernas obedeceram.
Cinco passos acelerados e estava no seu encalço.
Iogurtes naturais, queijo fresco, salada de alface de pacote, chocolate negro, gel de banho de pêssego, champô para cabelos encaracolados, hambúrgueres de soja, brócolos congelados... oh! Desculpem... estou a olhar para o carrinho errado. Este é o meu. Ou não é? Então eles comem o mesmo que eu??? E ando a fazer jantar? O melhor é ir lá bater à porta... ou mudar-me para o andar de baixo!

“Olá! Outra vez!” digo eu... reparem na subtileza com que o digo só para lhe conseguir olhar para os pés!
E lá estão eles: Os ténis...



Uns Onitsuka Tiger parecidos com os meus, mas modelo de homem... fiquei com a dúvida! E agora? Esgotei as minhas teorias... estou empatada! Os sapatos são de homem e as compras são como as minhas.

“Que coincidência! Fazemos compras no mesmo supermercado!” sorri ele (digam lá...isto não é conversa de engate!?)
“Pois é...ihiihih!” (estou a fazer charme).
“Vens cá muitas vezes?” (não deve estar habituado a este tipo de conversa! Está à espera que eu responda “sempre que posso”??).
“Ás vezes...depende do que como!” (esta foi má...mas eu sou assim, não penso no que digo!).
“Bom.. é a minha vez... té já!”
“Xau...” e foi a despedida na fila para comprar o fiambre de peru.

Só espero nunca o encontrar na noite...